sábado, janeiro 13, 2007

.:Crítica Cinematográfica:.

A vítima desta vez é o aclamado "Babel". E digo vítima porque, sinceramente, nunca senti um desprezo como este por um filme, apesar de perceber tudo aquilo que lhe é implícito.

Um caçador japonês demasiado generoso, com uma filha surda-muda com falta de sexo e abraços, um casal que decide viajar para Marrocos depois do seu bébé falecer subitamente, uma ama mexicana ilegal nos EUA que decide levar os dois filhos do casal ao casamento do seu filho no México, porque não arranja quem tome conta deles e guardadores de cabras, miúdos, com uma espingarda de caçador, demasiado tempo livre e um pai oblívio a isto tudo, coitado, que não teve culpa nenhuma.

Este é o argumento do filme que ultimamente tem enchido as salas de cinema, porque tem o Brad Pitt com olheiras e a Cate Blanchet ( mulher lindíssima, no meu entender), onde têm problemas com o gelo dos restaurantes marroquinos.

Peça de artilharia nº 1:
Quem é que, no seu perfeito juízo, entrega uma espingarda de CAÇA a
duas CRIANÇAS, independentemente de estarem a guardar cabras de
chacais ou não!?
É que se há coisas que os putos gostam de fazer, é atirar contra alvos
em movimento, e nada melhor que um autocarro de turistas...!!

Peça de artilharia nº 2:
Detesto turistas. Principalmente anglo-saxónicos. Julgam sempre que todos os outros países deviam ter uma cultura semelhante à deles, para eles se sentirem melhor e acharem que outros países são "experiências maravilhosas". Aparentemente, quando tiveram um gostinho do que é
viver numa aldeia perdida no meio do deserto do Magreb, subitamente,"o Mundo é um sítio cruel e feio", e não "uma experiência maravilhosa".

Peça de artilharia nº 3:
Eu compreendo que seja o casamento de um filho, e que seja uma coisa imperdível porque, que raio, é um filho e é o seu casamento!

Mas vamos por partes:
1- A mãe está ilegalmente num país e passa alegremente com filhos dos outros, sem autorização, sabendo que não existe semelhante coisa como o Espaço Shenguen entre os EUA e o México.

2- Vai com um sobrinho que bebe demais e tem uma pistola, para o México, com os dois filhos dum casal que acabou de perder o seu filho mais novo e está em MARROCOS, onde a esposa acabou de ser alvejada e está às portas da Morte no meio de um deserto.

3- O sobrinho, bêbado, com uma pistola, stressa quando os agentes da fronteira se armam em , adivinhem lá, idiotas chapados e começam a sacar das armas ao pé de duas pessoas muito nervosas com duas crianças a dormir, e desata a fugir pela estrada americana, acreditando piamente que consegue despistar os agentes da autoridade que, idiotas ou não, estão melhor equipados e preparados.

4- Quando são deixados , a mãe e os filhos dos turistas, no meio do deserto mexicano, vêm de manhã passar uma carrinha a não mais de 1 km de distância. Perderam quase 15 minutos com a senhora perdida no meio do deserto, quando lhe bastava ir sempre em frente, com arbustos, calor e tudo.

E a senhora achava que a coisa passava...

Peça de artilharia nº 4:
A miúda surda estava a precisar de uma queca, à conta de ter visto a mãe dar um tiro nos miolos. Não tenho nada contra; até acho que o sexo é terapêutico, do meu ponto de vista. Mas admito, não vi a minha mãe dar um tiro nos miolos...
Tem amigas surdas e amigos surdos e sofre o estigma dos miúdos olharem para ela como se fosse uma aberração (e até tinha um palminho de cara, e um corpito que marchava), só pelo facto de ser surda. Encontrou um primo duma amiga surda que lhe deu bebida e drogas, leva-a a uma
discoteca e o que é que ela faz?? Em vez de se atirar ao rapaz como gato a bofe, já que estava tão necessitada, segue a amiga, que estava já a receber o seu quinhão de amassos e troca de fluídos. Pura má educação, a meu ver....


Peça de artilharia nº 5:
A diplomacia americana precisa de um clister. Não se pode fazer nada aos turistas, que é logo um ataque terrorista. "Aqui d'El-Rei, que um dos meus cidadãos foi para um país inóspito e levou um tiro!! Terroristas, na certa!"
Então e se o idiota do turista estivesse a brincar com arma alheia e desatasse aos tiros a si próprio? Basta-lhe ficar caladinho, que são logo os terroristas, os malandros, que andam a fazer maldades às pobres das criancinhas americanas... E as ambulâncias marroquinas não podem levar uma vítima de alvejamento! Tem de ser um helicóptero!! E americano! Naturalmente que se a senhora estivesse para morrer, tinha morrido...

Peça de artilharia nº 6 e final:
O conceito do filme está interessante, mas não cola. Tudo bem que há uma relação mínima entre grupos de pessoas, mas sinceramente, há ligações bastante mais estreitas (e fatais) entre grupos de personagens no "Snatch", também com Brad Pitt. "Tudo Sobre a Minha Mãe" , de Almodóvar, tem mais ligações, nem que seja as que foram criadas pelos próprios personagens durante o filme.


E no entanto, Apocalypto, o filme de Mel Gibson, está quase às moscas.
E porquê?
Aposto que é porque não é controverso que chegue. Porque já não envolve a morte de nenhum cristão famoso. "Ah, são Aztecas. Não interessam ao Menino Jesus, e portanto também não me interessam a mim! As pessoas querem é ver o sangue de Cristo escorrer!! Dá a impressão de ser uma missa, só que com mais suspense, mais acção!! Não dá para fazer uma sequela, onde ele ressuscite? Assim podíamos fazer fortuna na Páscoa!"

Mas esta crítica vai ser mais cuidada, tanto que o vou ver outra vez.

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