sexta-feira, dezembro 01, 2006

Recentemente, li um artigo na BBC World sobre o facto dos tele-espectadores se estarem a virar para a Internet para terem acesso ao seu programa de televisão de escolha.

Ora após alguma reflexão , compreendem-se ambos os lados da questão:

1) As cadeias de "media" vêem as suas receitas potenciais (vitais para a continuidade da empresa) esfumarem-se com a instalação de redes informáticas de transferências de dados Pessoa-a-Pessoa (P2P), assim como as suas audiências ficarem num futuro não muito distante e sem preparação, reduzidas a uma mão-cheia de servidores que capturam o sinal televisivo e o espalham pela "Net", onde existe toda uma panóplia de utilizações, convencionais ou não;

2) Os espectadores não-privilegiados (vejamos o caso da série Lost, que passa primeiro nos EUA, e só após um hiato superior a 24 horas passa na Europa ou Resto do Mundo) vêem-se, numa sociedade baseada cada vez mais na sondagem, "extracção" e tratamento das necessidades e desejos dos consumidores, sujeitos a ter de esperar para ver uma série de qualidade (no seu entender), gerando uma predisposição para quebrar as regras (e leis) de vários países de maneira a satisfazer as ditas necessidades, de forma até mais flexível que pelos canais convencionais.

Há, então, duas ilações que daqui se devem tirar:
A primeira, que as cadeias de "media" (TV, cinema e música, com a alegre e muito sui-generis excepção da rádio) não estão a acompanhar o desenvolvimento tecnológico, tendo-se "sentado nos louros" desde a década de 90, evoluíndo duma maneira menos inteligente (evoluem e adaptam-se por serem obrigadas, não porque devem prestar um serviço melhor, como tanto insistem em afirmar).
A segunda, que a questão de direitos de autor, transmissão, detenção de propriedade intelectual, acordos económicos entre empresas globais (e não apenas multinacionais) deve ser revista a partir de um ponto de vista menos convencional, ou seja, que não trate as relações económicas tanto de um ponto de vista puramente económico (capital, trabalho e respectivas remunerações) mas de um ponto de vista tecnológico (determinado conjunto de dados/informação que permite beneficiar/remunerar o investimento feito).
Quem quiser argumentar que não há uma base fiável que ligue um tipo de projecto de tecnologia a um determinado rendimento, poderá ser contra-argumentado que um tipo de projecto económico/financeiro padece das mesmas falhas, sendo que apenas se pode atestar do seu retorno no momento deste, por mais exactas que possam ser as projecções anteriores.



Este post serve para demonstrar que não há apenas diatribes na mente de quem os escreve.

Não obstante, qualquer comentário está sujeito, como todos os anteriores, às Regras do Primeiro Post. Muito obrigado.

Sem comentários: