quinta-feira, julho 20, 2006

Ok, depois de ter acesso ao mais recente álbum de Juno Reactor, lançado em 2004 ( já viram como estou actualizado?), sofri uma odisseia, que vos vou relatar em seguida.

A minha querida avó (Se é minha avó, tem de ser querida. É de Lei.) regressou hoje de "férias" (Nota: reformados não têm férias. Estão de férias. Passam-nas é em sítios diferentes, para não se aborrecerem demais.), tendo sido transportada pela magnífica Rede Nacional de Expressos .

Até agora, nada de transcendente. As instalações são recentes, recentemente transferidas para as extintas oficinas do Metropolitano de Lisboa, coisa boa, havendo agora espaço a rodos para aquelas salsichas de aço e acrílico que são os autocarros modernos (Bem hajam. Os pães-de-forma laranja a cheirar a óleo de motor e diesel já andvam a implorar para ser abatidos há literalmente anos. Provavelmente o facto deterem sido comprados em 5ª mão tenha ajudado...).

Claro está que quem está de férias, leva bagagem, que tem naturalmente de ser transportada.
É neste momento que começo a ter dúvidas sobre se Lisboa é de facto a "aldeia grande" que acredito que é. Porque finalmente houve um problema com a bagagem!
Coisa raríssima, talvez porque como a vida nos propiciou com um azar selectivo, não permitindo à minha família inteira dar um passo maior que a perna, andamos quase sempre com tudo perto de nós.
Ora pois não foi que trouxe para casa consigo, a querida avó minha, a mala errada?! É verdade! E a quem telefona a minha avó aquando destes momentos de lidança com os serviços pós... serviço, neste caso...?

EU!!
É verdade! Aparentemente, tenho um talento inato a lidar com criaturas humanóides (Eu tenho fé...eu tenho fé...) irritantes, com menos vontade de atender os clientes servidos que de ter os pés mergulhados em óleo a ferver. E faço-o com um ligeiro prazer sádico, porque é aí que o ser chato, arrogante e irritante tem uma utilidade avassaladora, isto porque "amor com amor se paga", e há momentos em que não se merece nada mais do que o melhor (eu a falar do irritar os funcionários da RNE).
O que é que acontece? Por pontos:

1) O número que vem no bilhete é para reservas. Mas para que raio é que eu preciso da porcaria do número das reservas no bilhete?? Não comprei já o bilhete? Quero é o número caso haja alguma coisa de errado no serviço!!

2) O número que vem na página da Internet que se pode considerar de útil é o dos escritórios, ou seja, dos patrões, os quais estão a Leste do Paraíso no que toca a bagagem extraviada. Rai's partam! Mas qual é o cliente que no seu perfeito juízo quer falar com o patrão?

3)Após inúmeras tentativas frustradas de contactar qualquer destes números, lá consegui, através de um caloroso e bem-educado "Ou você me liga para alguém nas Bagagens, ou volta sim, volta sim estou-lhe a interromper o jogo de Solitário", obter o, pasmem-se, número de telemóvel de serviço do funcionário das bagagens, que vim a descobrir que tinha o telefone fixo mesmo à frente dele e se recusava terminantemente a atendê-lo;

4) Confirmada a presença da mala correcta na secção de Bagagem, será necessário dirigir-nos à gare de chegada novamente, para se proceder à troca de malas. Mas como isto é Portugal, não é tão linear.
Chegados à gare, mala errada às costas (Minhas. A avó querida já sofreu demais neste dia.), dirigir-nos à porta que diz "Operações. Extravio de bagagem" será a atitude mais correcta?
Não! Porquê? Porque não está lá ninguém!! Passo mais lógico? Informações.
Lá chegados, grande pasmo, a porta está...fechada!! Mas eis que a pessoa que está à porta nos indica, com um senso de omnisciência, um senhor que se encontra por detrás duma parede de vidro.
Dirigidos a essa parede, constatei que esse senhor não só não me conseguia ouvir, como tampouco me iria resolver o problema, visto ser o responsável pela chegada dos autocarros, tendo assim mais com que se preocupar do que com a bagagem contida dentro dos autocarros que à sua frente passam.
Gestos depois, indica-nos (nota: é necessário o detentor do bilhete de autocarro levar o B.I. para se confirmar e entregar a bagagem.) a sala de entregas de correio, ou seja, o sítio onde as pessoas vão para mandar encomendas através dos serviços de transporte da RNE, actividade que só lhe favorece.

5) Ali chegados, que encontramos nós? Uma sala cheia de embrulhos? Sim. Funcionários atarefados? Claro. Em número suficiente? Nem pensar. Com idade e energia para atender clientes e aviar encomendas? Esqueçam.
Eram dois senhores com idade para ser meus avós, suados do intenso calor que se fazia sentir, envoltos em encomendas e respectivas notas, a braços com um computador.
"Está uma pessoa à minha frente, só lhe falta assinar um papel. Não deve demorar." Erro crasso.
Estou em Portugal: assinar um papel é um acto quase religioso, que exige uma panóplia de instrumentos cerimoniais, a saber:
a) Uma caneta que escreva, rezando para que seja a que está presa com uma guita à mesa e não a que está pendurada no bolso da camisa do funcionário;
b) Uma conversa com o colega funcionário, que muito bem poderia ter sido incluída depois de atendido o cliente;
c) 2 minutos. Porque sim.
Tratado isto, eis que chega a minha vez, mais duas pessoas, um condutor com um embrulho e um funcionário de férias que diz "Bom dia" muito alto. Eles atendem todos estes pela ordem inversa. Já vos disse que a minha avó veio comigo porque tinha que vir ?

6) Após o atendimento, é necessária outra assinatura.
"Então não é preciso B.I.?"
"Não! É só uma rúbrica!"

E ainda tive de pagar 60 cêntimos de parqueamento, ou sujeitava-me a estacionar em Benfica, ou seja, a cerca de 10 minutos a pé da paragem.
Para a próxima, vou levar a minha 9mm. Talvez assim consiga a atenção suficiente para sair de uma situação semelhante.

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